Sujeito à misericórdia

Somos, todos, sujeitos ao pecado. Somos, todos, pecadores e teoricamente merecedores de castigo. Mas estamos todos no colo de Deus e, portanto, também sujeitos à misericórdia de Deus. Por isso, a ninguém é permitido mentir ao dizer que Deus vai castigar alguém por causa de algum pecado.
O certo é confiar esta pessoa, que tanto mal faz ao mundo e a si mesma, à misericórdia de Deus e pedir a Deus que faça por ela o que ela precisa; e que a tire desse ódio e a converta. Nunca se deve anunciar que Deus vai punir ou pedir a Deus que castigue um nosso desafeto. Jesus proíbe isso terminantemente. Chega a dizer que seremos julgados da mesma maneira com a qual posamos de juizes dos outros.
Uma coisa é pedir que Deus eduque e dê uma lição e modifique essa pessoa, outra é sugerir que Deus a castigue. Aí, já não é Deus; somos nós querendo o mal dessa pessoa, até porque Deus não quer a morte do pecador e sim que se converta e viva. A nós não é permitido anunciar castigo e punição de Deus sobre ninguém, nem interpretar um acidente cosmológico ou ecológico como castigo do céu. O que nós poderíamos dizer é que é mistério de Deus. Assim como não há explicação para a vida e para os caminhos que cada vida toma, também não há explicação para a morte e para os acidentes.
Alguma explicação existe, mas não está dito que a nossa explicação seria a correta. Atribuir a Deus e ao demônio o que nós não entendemos é muito fácil; provar é que são outras. Aconselho a todos que tomem cuidado com suas afirmações fantasmagóricas, categóricas e contundentes. Para efeito de pregação são ótimas, mas como verdade são sofríveis, para não dizer que são um desastre. O pregador que disse que aquela Tsunami em 2004 que matou 250 mil pessoas era castigo de Deus, ele mesmo pregou de maneira desastrosa e, certamente, a igreja jamais afirmaria isso. Seria o mesmo que dizer que Deus sacrificou milhares de inocentes, talvez por causa de 1 % de pecadores que houvesse ali. Conta-se que na Idade Média havia dois monges tonitruantes que oraram para que Deus destruísse uma casa de pecados que ficava perto do seu mosteiro. Oraram durante uma semana para que caísse o teto daquela casa de pecado. Quinze dias depois caiu o teto do mosteiro. Ninguém morreu, mas os monges que escaparam entenderam o recado. Pararam de rezar para que caia o teto da casa de pecado e começaram a orar para que os pecadores daquela casa de pecado se convertessem.

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